domingo, 31 de julho de 2011
sábado, 30 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
376 - do despertar para a imagem, 7
quinta-feira, 28 de julho de 2011
quarta-feira, 27 de julho de 2011
374 - do despertar para a imagem, 6
terça-feira, 26 de julho de 2011
373 - do despertar para a imagem, 5
segunda-feira, 25 de julho de 2011
372 - do despertar para a imagem, 4
domingo, 24 de julho de 2011
sábado, 23 de julho de 2011
370 - dos estados de ânimo, 19
sexta-feira, 22 de julho de 2011
quinta-feira, 21 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
367 - das passagens, 27
terça-feira, 19 de julho de 2011
segunda-feira, 18 de julho de 2011
domingo, 17 de julho de 2011
sábado, 16 de julho de 2011
363 - das passagens, 26
sexta-feira, 15 de julho de 2011
362 - das passagens, 25
quinta-feira, 14 de julho de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
sábado, 9 de julho de 2011
sexta-feira, 8 de julho de 2011
quinta-feira, 7 de julho de 2011
354 - das biografias, 66
Roland poda uma jovem cerejeira. Quebra o silêncio quando vê o bambuzal adiante: “Contemple o bambu. Qualquer bambu, aquele ali. Ele é firme e ao mesmo tempo flexível; longo, mas também compacto; tão denso em suas fibras como oco em seu centro. Veja: é resistente às intempéries não porque luta contra elas, mas porque a seu modo as aceita”. Parece que Roland está a dizer, em outras palavras, que o bambu é um ser de essência dialética: sem sair de si mesmo, movimenta-se entre uma coisa e outra. E por isso ele pode ser tudo, menos radical: “Bambu ortodoxo é poste”, diz Roland com bom humor, enquanto varre as folhas do pátio. Se pensarmos bem, ele pode estar certo. Afinal, bambu não é algo que fica plantado ali, imóvel, como estátua pintada de verde. Na mesma medida em que acata o mundo, ele responde, ainda que sutilmente: vibra, assobia, enverga, estala. Deve ser isso que Roland quer dizer agora, descascando uma cebola: “Sua contundência é mínima e leve, fatal como um golpe ancestral que tivéssemos esquecido”. Sim, deve ser isso... As palavras – assim como o bambu – nunca são óbvias. “Tente entender sua força: a eficácia está em não ser eficiente”. Como as outras, essa frase fica no ar, dando voltas. Roland pára, enxuga os olhos num lenço, repara no vento. “Mas, para compreender sinceramente, é preciso parar de questionar a essência do bambu. Qualquer criança sabe disso. Pergunte a elas. ‘Bambu é uma planta que voa’, elas dirão. Ou então: ‘Ele é um grande nadador’. Pois acredite: não há nada mais verdadeiro.”
quarta-feira, 6 de julho de 2011
353 - das visões de mundo, 19
Perfeição do ovo: elipse, enigma.
Claro, é forma ovalada, de elegante esgrima
de curvas e lisos, de esquiva:
silencioso ovo, se contornado nos dá a volta.
Mas há que força bruta o viole,
e sobre uma lamela de vidro,
a boca de um cão, um prato de cobre
tal golpe sofra a clarividência
– um direto, puf!, no nariz da consciência –
de haver um ovo podre desvendado.
terça-feira, 5 de julho de 2011
352 - das passagens, 24
Ela à beira do abismo, e deixou-se ir. Não caiu: foi apenas descendo, seu corpo deitado, o vestido branco e os braços estendidos ao lado, afundando no ar aos poucos, sem barulho, com um peso vagaroso e vago: uma poeira de mármore, o oco de uma nuvem de gesso, a pele de uma folha caduca, branca e rija, e pouco os cabelos se mexiam. Do alto, ele via aquela figura encolher, cada vez menor, até quase tocar o chão, quando então – ele sabia – ela desapareceria: mas subitamente um movimento invisível trouxe-a de volta ao topo, e ela ficou de pé, em silêncio, encarando-o como quem espera. Neste momento ele transformou-se num diabo: sua pele secou e rachou em veios fundos, cinzentos, o tom do corpo era verde. Vestia farrapos, estava descalço e rodava em volta de si, as costas curvadas e as palmas das mãos viradas para o céu. Na sua nuca uma voz falou duas vezes, deixando-o em completa solidão.