“Uma cratera que é três vezes maior que a Terra, e formada por impacto! Pense nisso!”, fala Tomaso. Ele está de um lado do buraco aberto na parede; Vera está do outro: “Sim, isso nos dá o tamanho da nossa pequenez e o desmedido de nossa mesquinharia”. Hélio medita sobre os elementos que darão a forma do entulho: “O que vocês acham de molduras vazadas, cerâmicas, mármores, azulejos, essas coisas?”. Vera suspira, responde que isso seria óbvio; Tomaso concorda, diz que também haveria risco para os visitantes e, como sugestão, elabora com particular desenvoltura uma inversão quase convincente: “Para a ideia que você pretende alcançar, menos óbvio seria, então, o que é próprio do entulho, ou seja, o ser do entulho, o entulho mesmo: entulho feito de entulho”. Hélio abre um largo sorriso e estrala a ponta dos dedos: “Gostei disso!”. Tomaso quer explicar a base dialética do pensamento mas é logo interrompido. “Sim”, completa Hélio, “gostei do risco para os visitantes”.
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