Não foi Hélio quem quis enterrar os sonhos. Mas em função das esquisitas circunstâncias ficou com a culpa. Em vez de construir uma piscina, uma churrasqueira, um tobogã, não, quis o espaço para enterrar os sonhos. É o que alguns dizem ainda hoje, com maldade. Tomaso nunca concordou com isso que ele chama de calúnia: “Isso é uma calúnia!”, diz ele, “Os sonhos caíram por acidente. E Hélio ainda gritou na borda da cova que era preciso recuperá-los antes da chuva”. Ninguém ouve Tomaso a esse respeito. E o caso é que o próprio Hélio tinha feito o pedido pelo telefone: “Telelista, Claudete, em que posso ajudá-lo?”; “Minha querida”, disse Hélio, “eu preciso de alguém que saiba cavar”. Mas depois disso ninguém explicou ao homem da pá o que entrava e o que devia ficar fora do buraco.
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