quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

201 – das biografias, 44



Nem sempre o mês de janeiro passava tão rápido na vida de Tomaso. Quando percorreu de trem os limites entre a Europa e a Ásia, acompanhado de Paul (que temeu durante todo o percurso ser vítima de um desastre ferroviário), o cinematismo proporcionado pelo veículo e a excitação da viagem fizeram os dias mais curtos e ligeiros. Mas outra foi a experiência do tempo quando, dois anos depois, resolveu subir até o cume do Lawaròi. Nessa ocasião os dias se arrastaram, e isso exatamente por um efeito da luz, sempre presente em alguma intensidade, o que fazia a noite ser insuficiente e breve, como cada movimento respiratório na altitude elevada. É quase desnecessário dizer que essa condição extrema trouxe também um extremo desconforto, algo como a sensação incomunicável, talvez, de um tempo fora do tempo, como a sensação que sentiu uma outra vez, ainda, quase ao nível do mar: a respiração breve e insuficiente no momento em que viu Roland ser atropelado por um caminhão; o momento que não passa.


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