quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

200 – das biografias, 43



Muitas vezes, Tomaso era carrasco de si mesmo. Por isso era mais parecido com Roberto do que com Roger, embora afetivamente fosse mais próximo deste. Ao confrontar um cliente difícil, ou irremediavelmente insatisfeito, como costumava dizer, Roberto recusava-se a aceitar, contudo, que o problema era do próprio cliente (talvez algo não resolvido ou não sabido, por exemplo, que merecesse o tratamento de uma análise, de uma surra ou de uma aula de dança de salão); ao contrário, Roberto sempre se colocava no centro do problema, como causa e, portanto, solução possível, e assim trabalhava horas e dias seguidos até a exaustão de sua saúde, ou até o tal cliente mostrar-se vencido por um slogan que aparentemente resolvia a vida. E assim também era Tomaso: diante de uma parede – de uma diferença – encontrava-se com frequência diante de si mesmo, como se à beira de um abismo; e parece que a única saída, para ele, consciente ou inconscientemente, era resolver isso com um passo à frente.


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