domingo, 30 de janeiro de 2011

197 – das biografias, 40



O caso é que, entre Tomaso e Roger, existem outras disposições a respeito das diferenças e do agir social. Vera, por exemplo. Eis uma figura difícil de situarmos. Porque talvez a sua questão deva ser colocada não tanto em termos de avanço ou recuo junto ao próximo, isto é, não como estratégia de combate, mas sim em termos de uma sensibilidade imediata. O que é sem dúvida um problema já que essa sensibilidade, como em qualquer pessoa, é tão previsível quanto o formato das nuvens do dia de amanhã; ela muda de instante em instante, de dia em dia e, especificamente em Vera, de óvulo em óvulo, sobretudo. É portanto uma questão de duração, de agarrar o que se tem nas mãos: Vera reage ou age de acordo com um tempo que é sempre o único e o último, a cada momento. E por isso sua disposição não pode ser situada de maneira ordeira, mas sim, quem sabe, por uma espécie de harmonia que tem lá o seu encanto: como uma vontade passageira e definitiva de arrancar as cabeças e lamber os pés de todos.


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