Diferente de Tomaso, Roger sempre encontra correspondências muito claras entre a vida humana e a de outras espécies, um empreendimento que acaba diminuindo a importância dos homens e, consequentemente, abala a sua supremacia em relação às demais criaturas do mundo. Uma das coisas que Roger admira nos humanos, por exemplo, é a sua capacidade de desaparecer. Digamos assim, se Tomaso fosse confrontado por uma situação atípica e ameaçadora, ele insistiria em avançar e atacar até fazer do outro a sua presa, ou pelo menos até fazer do outro um aliado. E isso para ele seria natural. Roger, por sua vez, se disfarçaria de folha, de nuvem, de neve, de areia, de seja lá o que predominasse em volta, adotando como técnica de combate algo que vai além do fingir-se de morto: seria mesmo um fingir não existir. Logicamente, da opção de Roger não emana muito heroísmo. É que na verdade Roger insiste num ponto que Tomaso finge não ver: num mundo em que todos são predadores (e, portanto, presas), vantagem é, simplesmente, poder não ser.
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