Oriundo ganhou assim, desde o batismo, um motivo de vida que para muitos seria traumático. Mas sua existência seria regida pela falta de lastro, e na adolescência se deu um acontecimento sem dúvida significativo. Foi quando a família o enviou para um final de semana na fazenda, promovido pelo colégio, aquilo que chamam vagamente de curso de férias. “O que acha, Oriundo?”. Não sabia ao certo, mas foi. Na primeira noite, os monitores prepararam as boas-vindas aos jovenzinhos: um bailinho. Sem dançarinos em seu histórico familiar, Oriundo, rapaz introvertido, foi gostando das músicas, ficando à vontade, balançando o esqueleto, como dizem. Em pouco tempo, estava chamando as jovenzinhas para dançar, depois as monitoras (as “tias”) e os monitores (os “tios”), os rapazes também. A animação geral logo esfriou, todos pararam para olhar e o ambiente ficou marcado pelo estranhamento. Mas ele seguiu, com mais molejo que nunca, numa espécie de dança intuitiva que atravessava os mais variados ritmos, sem embaraço: “Querem saber? De onde vem isso eu não sei. O negócio é entrar no clima!”.
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