meu coração, looping (2015)
uma vídeo-performance de cristiane lindner
a
vídeo-performance meu coração, looping (2015) de cristiane lindner
retoma e desdobra alguns dos procedimentos mais caros à artista, reconhecíveis,
por exemplo, em arqueologia de um tempo qualquer. assim, a citação – nem sempre
explícita –, o comentário, a apropriação e a atribuição errônea convivem como
recursos limiares, a rigor não discerníveis, assim como a contingência e a
precariedade dos sentidos e da matéria são elementos que assumem um caráter ao
mesmo tempo construtivo e destrutivo. na vídeo-performance – realizada em desterro, hoje mais conhecida como florianópolis, em infame homenagem ao marechal floriano peixoto – as alusões
ou afinidades com proposições como as de christian boltanski, nuno ramos, miguel
rio branco, andrés denegri, rosângela rennó, entre
outros, podem ser percebidas para além do plano formal. o vídeo (do latim video: “eu vejo”), como se sabe, aponta sempre
para uma espécie de vazio (no francês vide).
em certo sentido, trata-se aqui de uma busca, mas também de uma fuga: uma
corrida que se apresenta de modo velado: indecidível entre o fitness e a escapada, entre o bem-estar
e risco de vida, é o ritmo algo acelerado – dos passos, da respiração, do
coração – que tange esse nomadismo arriscado, despersonalizado e possivelmente
sem fim, algo que é reforçado com o loop do registro do caminho percorrido. uma proposta ética parece
acompanhar tais imagens vertiginosas: afinal, nas imagens eu vejo meu coração
batendo fora de mim.
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