Conjurou uma última eloquência: “Senhoras e senhores...”. Havia uma guitarra ligada a um amplificador – “Senhoras e senhores...” – que tentava uma nota aguda como um coração partido. “... Infelizmente teremos que improvisar...”. Houve algum desconforto nos presentes. “... Nossa convidada de honra não poderá participar de nossa reunião...”. A guitarra errava novamente a nota. “...Ela teve um imprevisto...”. Um homem reclamou que o som estava baixo; a guitarra achou que era com ela e gritou. “... Problema de família...”. Uma mulher disse à amiga que eram os comunistas. “... Daremos andamento à noite com um filme de Wim Wenders...”. Tomadas de possessão, as cordas da guitarra alongaram-se quilômetros.
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