Depois de vários meses, Vera decide rever a pasta de fotos que Tomaso deixou em seu computador. Na época em que viveram juntos, ele andava empolgado com a fotografia e as novas técnicas digitais. Foram muitos os registros daquele período, e agora estavam ali parados, ocupando espaço, pesando na memória. Vera concorda em voz alta, sozinha, que muitas fotos são belíssimas, mesmo essas bobas, que eles tiravam de si mesmos virando a câmera. Hesita um pouco, pensa se não poderia apagar alguns arquivos seus, filmes ou músicas, talvez. Mas não, não poderia. Assim como não conseguia apagar as fotografias de Tomaso, que eram, afinal, também suas, da sua vida. “Mas que merda!”, diz ela, “Não aguento mais esse arrasto!” Por fim, recorre a uma das vantagens das técnicas digitais: “Se não dá pra tirar isso da minha vida, que ao menos seja leve, bem leve”. Assim compactou tudo, e aqueles anos resumiram-se a alguns míseros megabytes.
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