arqueologia
de um tempo qualquer
projeto
e execução: cristiane lindner
registro:
artur de vargas giorgi
arqueologia de um tempo qualquer,
de cristiane lindner, é um projeto que tem como base alguns trabalhos de anahí cáceres
e os comentários da crítica a respeito deles. a referência – explícita – se dá ao
mesmo tempo pela presença do suplemento do periódico página 12, editado para acompanhar a retrospectiva
de cáceres no palais de glace, em
buenos aires, entre agosto e setembro deste ano, assim como pela escolha dos elementos de composição, reunidos em meio a uma
infinidade de outros, semelhantes, pela potencial ambiguidade que manifestam
quanto à sua natureza: as matérias duras, concretas, polidas pelo tempo, podem
ser restos de rochas milenares trazidas pelo rio da prata, mas também pedaços
de plástico, lascas de tijolo, cacos de vidro etc. o precário, a série, a contingência,
o contato de temporalidades distintas, a tensão entre natureza e técnica, entre
diferença e repetição, entre vida e arte são, assim, algumas das noções
mobilizadas pelo projeto de cristiane lindner, numa busca em certo sentido
construtiva: o resultado, distante do apuro da “obra” e do domínio do “ofício”,
é um improvável amontoado de pequenas coisas achadas, de corpos e tempos, em
princípio distantes, mas coincidentes, agora, pela força de um acidente ou de um
gesto afetivo.