segunda-feira, 6 de junho de 2011

323 - das passagens, 22


Uma canção em divehi. Em mandarim. Em quimbundo. Em grego. Em russo. Em português. Era assim que ele não entendia. Era assim: ela olhava para ele, eles conversavam, e ele já não sabia nada, não era nada. Ele morria nesse olhar. Então havia nuvens sobre os corpos e dentro do seu corpo. Havia ondas. Desertos. Florestas. Silêncio. Poeira. Estrelas colidindo. Toda a raridade de que o universo está cheio. Tudo bem ali, naquele olhar: o fim da vida. Então ele sorria e respondia, sumindo, cantando o seu desentendimento: em urdu, em romani, em iídiche, em norn, em tupi-guarani, em português.


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