quinta-feira, 5 de maio de 2011

291 - das passagens, 16



Estávamos em nossa cidade. Eu sabia disso, que era a nossa cidade, embora os prédios, e tudo o mais, fossem irreconhecíveis. Você estava alguns metros à frente, sentada num banco ao ar livre, de costas para mim. Pessoas passavam por este espaço entre nós, interrompendo por instantes a visão que eu tinha de você. E foi entre um instante e outro, em meio aos passantes, que eu vi: você se virou para o lado e beijou alguém. Era um homem ruivo. Eu me levantei, caminhei na direção de vocês e, sem me deter, peguei minha mochila, que estava do seu outro lado, no mesmo banco. E segui em frente, lembro-me, sem olhar para trás. Não sei se você me viu, se me chamou, ou se nada disso.

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