quinta-feira, 21 de abril de 2011

277 - das passagens, 14


Simples assim, a mensagem em suas mãos trazia seu nome e dizia:


“Não pude mais com a luz que há em casa. Nesta época piora, você bem sabe. Não consigo saber que o azulejo ao lado da janela está trincado (não adianta trocá-lo). E o que está fora da janela parece estar colado dentro das minhas pálpebras. Não consigo saber disso. Que a chuva ecoará a melodia de sempre na calha. E o latido dos cachorros é como um mesmo nome, dito pela mesma voz vezes e vezes seguidas. Parece o meu nome! Esse mundo: é como aquela canção, que vem do fundo da garganta, a rodar na minha cabeça: ... Je vous connais, Milord... Não! Preciso estar... fora... Preciso... acho que preciso do impossível: então não pude mais. Agora ponho-me em direção, em qualquer uma. Para quem sabe um dia.

Seu saudoso e fiel amigo,
A.”


Terminou a leitura com um ar pasmo. “Como assim?” – pensou. E em voz alta: “Quem diabos é A.?!”.


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