Após meses, Tomaso foi considerado desaparecido por todos, a pouca família, amigos e autoridades, embora Vera seguisse colando, noite após noite, cartazes pelas quebradas da cidade: “Onde está Tomaso? Ninguém sabe, ninguém viu. Polícia vá pra puta que pariu!”. Mas o fato é que a questão não era tão simples assim. E de fato havia uma pista que podia ser significativa para o caso e devia, por isso, ser considerada: sabia-se que Tomaso se preparava para rumar rio abaixo, com o firme propósito de chegar ao litoral; e que ele queria ir sozinho. Antes de sumir, já há alguns dias vinha dizendo que a hora estava chegando. Ele só esperava ter em mãos uma última encomenda, imprescindível para a aventura: um caderno, “o único exemplar manuscrito por esse incontornável pesquisador canadense”, como dizia Tomaso, e que trazia, segundo ele, com riqueza de detalhes, mapas e descrições do vasto território a ser percorrido em total solidão. O sebo virtual onde Tomaso fizera a encomenda, no entanto, estranhamente classificava o exemplar como “caderno de artista”.
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