domingo, 28 de novembro de 2010

134 – das biografias, 16


Uma agulha de forma curva penetra primeiro um lado da larga ferida aberta, depois o outro, por onde sai, atravessando a linha que garante a sutura. São necessários muitos pontos. O paciente, acordado, não grita, não se debate: parece calmo enquanto terminam o procedimento que coloca no lugar a parte da tíbia que estava para fora do seu corpo. Os dedos do pé, contudo, continuam pretos e somente com alguma sorte não precisarão ser amputados. Élie entra na sala de operações, cumprimenta a equipe, o cirurgião e coloca a mão no ombro do paciente:

“Tomaso, essa foi por pouco. Mas ainda temos que ver o que será do seu pé.”

“Não se preocupe, meu caro. Eu não sinto nada. E agora me diga: o que veio primeiro, afinal, a religião ou a arte?”


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